Chaos Theory (2008)
Este é o começo do desmoronamento de Frank como ele sempre se conheceu. Mas, em vez de abdicar do seu hábito, Frank transforma-o, passando a usar as fichas para escrever as diversas opções que se lhe deparam e escolhendo uma aleatoriamente (nem sempre a melhor ou a mais racional). Decidido a assumir o acaso como um elemento inevitável, Frank ver-se-á obrigado a questionar muito da sua vida no caminho para a verdade última.
O argumento de Daniel Taplitz não é dos mais consistentes, apelando a uma série de coincidências e azares que recaem sobre Frank e que nada têm a ver com o referido atraso de 10 minutos. Além disso, os abundantes clichés (como a mota símbolo de “liberdade”) tiram bastante potencial à história. A realização de Marcos Siega não é particularmente surpreendente, sobretudo tendo em conta a sua mais recente participação na terceira temporada da série televisiva ‘Dexter’.
Existe, no entanto, o esforço de dimensionar correctamente as personagens, especialmente Frank cujo equilibrado papel de pai e marido contrasta com o seu lado mais obsessivo. Ryan Reynolds tem a sua veia cómica bem afinada, mas o seu lado dramático deixa algo a desejar. O mesmo não acontece com a versátil Emily Mortimer, que, de forma sustentada, contrapõe a sua Susan a Frank sem se transformar nunca no seu oposto.
“Chaos Theory” fica além da expectativa lançada pelo seu próprio título quando falha em mostrar a componente orgânica da transformação. O que seriam as consequências naturais da mudança, aqui não passam de uma série de situações forçadas. Fica a ideia de que a verdadeira liberdade é aquela que se alcança quando nos atrevemos a sair de dentro de nós mesmos. 7/10