segunda-feira, janeiro 15, 2007

Bispo de Bragança-Miranda compara aborto à pena de morte

O bispo da Diocese de Bragança- Miranda, D. António Moreira Montes, comparou hoje o aborto à pena de morte, aludindo à execução de Saddam Hussein que «horrorizou o mundo».

«Toda a gente ficou horrorizada com a execução de Saddam. A questão do aborto é uma variante da pena de morte», afirmou o prelado, à margem de uma reunião com párocos da diocese, em que um dos temas da agenda foi o referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez, marcado para 11 de Fevereiro.

Para o bispo «a vida não se discute, não vai a votos, mas já que o referendo está aí, então a Igreja tem de tomar também posição».

A reunião de hoje, e outras que se seguem nos próximos dias em diferentes zonas da Diocese, servirão - segundo o prelado - para transmitir aos párocos a nota do Conselho Permanente da Conferência Episcopal sobre o referendo.

A nota da Conferência Episcopal, que está a ser divulgada aos párocos de Bragança, refere que «esta não é uma campanha partidária, é uma oportunidade de prestar um esclarecimento sereno sobre os problemas das vida e as responsabilidades que daí decorrem».

«E não queremos transformar isto numa quermesse eleitoral, mas se eu, numa homília, me declaro contra um assassinato também tenho de alargar essa dimensão a todas as fases da vida», afirmou D. António Moreira Montes.

O bispo da diocese de Bragança-Miranda considerou também «uma contradição a posição daqueles que se assumem como paladinos dos direitos humanos e defendem o aborto».

«Tenho dificuldade em compreender que pessoas, associações e partidos políticos que são paladinos dos direitos humanos recusem o primeiro direito humano que é o direito à vida», frisou.

O bispo sustentou que «se não houver vida, não há nenhum direito humano, aí é que eu vejo uma contradição».

Considerou ainda o aborto como a «forma mais drástica de exclusão social».

Para D. António Moreira Montes «não é aceitável que se fale contra a exclusão social promovendo a forma mais drástica da exclusão social que é eliminação social».

«O aborto é uma solução claramente inadequada que não responde às reais necessidades. Se os problemas são económicos pois resolvam-se no aspecto económico, mas não se pode resolver um problema económico eliminando uma vida», defendeu.

Para o bispo, o referendo «é uma oportunidade especial» para fazer passar a mensagem que decorre da doutrina cristã e é isso que espera dos párocos da diocese nos próximos tempos.

Não apoia, no entanto, posições como a recentemente assumida por um diácono de Bragança que disse publicamente que irá apelar ao voto no «não» no dia do referendo.

«É obvio que a lei deve ser cumprida. Não se fala disso de qualquer maneira e em qualquer circunstância. No dia do referendo há que a respeitar», considerou.

O bispo de Bragança-Miranda escusou-se a comentar as últimas sondagens publicadas que dão vitória ao «sim», afirmando que «o melhor é esperar» pela votação.

A diocese de Bragança tem 326 paróquias orientadas por 80 párocos.

Diário Digital

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