terça-feira, julho 10, 2007

Sexo virtual para pagar telemóvel

São raparigas, menores, algumas com 12 anos, e oferecem-se para sessões de strip e masturbação em salas de chat portuguesas. Em troca pedem carregamentos de dez euros. Autores de livro reproduzem tudo. É «chocante», dizem. Mas é também um alerta

São raparigas, menores, e oferecem-se para sessões de strip e masturbação em salas de chat portuguesas, diante de câmaras web, em troca de carregamentos de dez euros nos telemóveis. Renato Montalvo e Conceição Monteiro, um ex-jornalista e uma professora de Filosofia do ensino secundário, passaram mais de 70 dias de olhos postos nas chat rooms, numa média de quatro horas diárias, e publicam agora uma selecção das conversas a que tiveram acesso. Ao Diário de Notícias anteciparam um pouco do conteúdo do livro «O Abominável Mundo dos Cibernautas» (Gradiva), que, segundo os autores, pretende ser um alerta.

«Olá a todos. Faço sexophone apenas com uma câmara de telemóvel, mas só se me carregarem o telemóvel.» Não foi omitida nenhuma vogal e todas as palavras estão devidamente acentuadas, ao contrário do que aconteceu no original. O anúncio podia estar nas páginas de classificados de um jornal, mas foi expressa online numa sala de chat portuguesa, aberta a quem quiser entrar.

A autora da frase tem 14 anos e responde pelo nickname de Dina. Mas, escreve o DN, há muitas mais mensagens deste género com propostas de sexo virtual.

Tal como Dina, "há raparigas com 14 anos a fazerem sessões de strip e masturbação perante as câmeras web em troca de carregamentos de dez euros no telemóvel, para pessoas que não sabem quem são", escreve Renato Montalvo, um dos autores, no prefácio do livro. "Há que alertar as pessoas para esta realidade. Qualquer jovem tem acesso livre a páginas de conteúdo pornográfico", declarou ao DN.

Os autores não analisam esta realidade e frisam que se trata apenas de um alerta. Um alerta que passa também por estes números: durante os dias 9 e 14 de Março deste ano, 78 por cento dos visitantes de chats que se identificaram ao longo das conversas eram estudantes.

Segundo o DN, os autores elegeram como objecto de estudo as salas de chat do AEIOU (a Blá-Blá, a Cupido, a Kamasutra) e usaram o Windows Live Messenger, mais conhecido por MSN. Motivo da escolha: «O AEIOU é dos sites mais moderados e dos que apresentam mais nuances e oportunidades para um observador». Um e outro foram espectadores que reservaram a si a selecção de textos. «São textos de adultos e de adolescentes que dão o ambiente que se vive em cada sala». Essa selecção, garantem, passou pelo filtro da moderação. Ainda assim, afirma Renato Montalvo ao DN, «o que aqui está é chocante».E não publicaram os «mais hard».

As mensagens são quase todas dentro deste género: «Oii, sou nina, alguém me carrega o telemóvel?? mando fotos nua, e das partes mais privadas, mostro-me na web a alguém???» (sic).

No final, fica a pergunta de Ricardo Montalvo ao DN sobre o caso de mais uma menor: «Saberiam os pais de M..., de 12 anos, que ela estava numa sala de chat às quatro da madrugada?»

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