domingo, novembro 05, 2006

Aborto, uma questão

Tenho um problema muito complicado em mãos e gostaria de o partilhar convosco. Na realidade o problema não é meu, nem sequer é de ninguém, é hipotético, mas é interessante, está relacionado com a questão do momento, e por isso decidi partilhá-lo convosco na esperança de encontrar alguém que tenha uma resposta para este problema.

O caso é o seguinte:

Conheci uma jovem chamada Etelvina que engravidou há dois anos atrás. Esta jovem era boa pessoa, cristã, e achava que tinha dentro de si uma vida humana única e irrepetível.

Acontece que esta jovem andava muito stressada: estava a meio da sua tese de doutoramento, tinha um conjunto de problemas internos que podiam pôr em risco a sua gravidez e não sabia o que fazer. Por um lado desejava muito ter o filho - que se fosse menino se chamaria Salvador e se fosse menina Josefina -, mas por outro lado achava que aquela não era a altura certa para ter a criança, não só porque estava numa fase complicada da vida, mas sobretudo porque tinha vários problemas de saúde que podiam inviabilizar a gravidez.

A solução poderia passar, portanto, por um aborto; porém, esta jovem era totalmente contra o aborto porque, repito, achava que tinha dentro de si uma vida única e irrepetível. Vai dai decidiu pedir conselho a um amigo e este deu-lhe a seguinte sugestão:

" abortas; porém pede aos médicos que recolham um célula do feto abortado para mais tarde poderes reimplantar esta célula no seu útero de modo a permitir que se desenvolva uma réplica genética exacta do feto abortado. Deste modo adias a gravidez por alguns meses mas não perdes este feto geneticamente único."

E de facto foi isso que ela fez. Abortou, mas voltou a reimplantar a célula um ano mais tarde e..., sabem que mais, não era apenas uma vida, eram duas, porque aquela célula dividiu-se em dois e deu origem a dois meninos. Chamam-se Salvador e Manuel. São lindos e estão de bom saúde.

Primeira pergunta: esta jovem abortou ou não abortou?

Segunda pergunta: o que aconteceu a aquele ser único e irrepetível que se ia chamar Salvador ou Josefina? Morreu? Não, parece que um deles se chama Salvador. Mas qual deles?

Estas são algumas das perguntas que eu gostaria de ver respondidas pelas pessoas "pró-vida" que se riram no programa "prós e contras" de segunda-feira quando um dos médicos presentes tentava fazer perceber que existe uma diferença crucial entre "vida" e "pessoa" humana.

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