borboleta
Depois morreu. Beijou-me os lábios e eu fiz pfhhhhf, deitando a língua de fora para cuspir um catarro verde surpreendido.
Ela era às cores e voou por cima de mim, inclinada, até cair no chão. Acho que tinha sido picada por um abelhão. Depois morreu.
Foi uma mulher magra que estava atrás de mim, na fila para as inúteis entrevistas do Instituto de Emprego, que depois me disse que eu estava a pisá-la com o calcanhar do sapato. Está morta, disse-lhe eu. Mas ainda é bonita, respondeu ela. E insistiu que as borboletas só têm um dia de vida.
Não lhe disse que também ela me parecia morta e bonita, mas pensei. Depois mandei a fila de desempregados à merda. Agora estou aqui a embebedar-me devagar, de whisky e de mulheres bonitas. Ainda não sei como vou pagar.
1 Comentários:
Bonito, o da borboleta...
Triste, a triste vida que a maior parte dos nós seres humanos levamos...
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