Coisas de vida e de morte

Uma troca de comentários num blog aqui perto tem-me feito pensar sobre a vida e sobre qual o objectivo de aqui andarmos.

Como sou um gajo decidido, 15 minutos depois de começar a pensar fiquei cansado e cheguei a uma conclusão: o primeiro objectivo na vida é sobreviver.

Não tenho dúvidas que é o instinto mais primário que temos. A nossa própria vida é aquilo que defendemos com mais paixão. Obviamente há os suicidas, malta que consegue colocar outros interesses à frente da sobrevivência. Mas só podem ser a excepção que confirma a regra. Abstraindo-nos das causas, nem sequer repudio o conceito, antes admiro-lhes a coragem. Eu próprio gosto de pensar que teria coragem de dar a minha vida para salvar a de Maria ou a de dois miúdos que andam lá em casa e que ás vezes me chamam “Pai”.

Só depois desta prioridade máxima, é que vêm as outras. O dinheiro, a carreira, a qualidade de vida (a ordem das coisas é à vontade de cada um).

Mas se a sobrevivência é o expoente máximo dos nossos objectivos, o que dizer de quem morre “antes de tempo”? De quem não consegue atingir a esperança média de vida?

Há que concluir que fracassou, independentemente de ter culpa ou não na causa da sua morte.

É como um jogo de computador. Não podemos perder, temos de fazer as escolhas todas certas, para podermos continuar vivos. No entanto, há sempre causas que nos são exteriores mas que podem determinar o fim do jogo, ou o fim da vida. Num jogo de computador não podemos garantir que a luz não vai abaixo e estamos sujeitos a que alguém desligue a corrente. Na vida, há doenças fatais, cataclismos e merdas que nenhum de nós pode evitar. Este é um jogo lixado!

Esta visão da vida faz com que recorrentemente não tenha grande pena da morte de figuras públicas (e outros que eu não conheça pessoalmente e por quem não nutra especial afeição) que se suicidam, morrem de overdose, atropelados, enfim, daqueles que têm responsabilidade na própria morte. No fundo, apenas jogaram mal. Mas o fim, esse é igual para todos!