sexta-feira, maio 18, 2007

Caixa Geral de Depósitos - Os Vampiros do Século XXI

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) está a enviar aos seus clientes mais modestos uma circular que deveria fazer corar de vergonha os administradores principescamente pagos daquela instituição bancária.

A carta da CGD começa, como mandam as boas regras de marketing, por reafirmar o empenho do Banco em «oferecer aos seus clientes as melhores condições de preço/qualidade em toda a gama de prestação de serviços», incluindo no que respeita «a despesas de manutenção nas contas à ordem».

As palavras de circunstância não chegam sequer a suscitar qualquer tipo de ilusões, dado que após novo parágrafo sobre «racionalização e eficiência da gestão de contas», o «estimado/a cliente» é confrontado com a informação de que, para «continuar a usufruir da isenção da comissão de despesas de manutenção», terá de ter em cada trimestre um «saldo médio superior a EUR 1000, ter crédito de vencimento ou ter aplicações financeiras» associadas à respectiva conta.

Ora sucede que muitas contas da CGD, designadamente de pensionistas e reformados, são abertas por imposição legal. É o caso de um reformado por invalidez e quase septuagenário, que sobrevive com uma pensão de 243,45 Euros que para ter direito ao piedoso subsídio diário de 7,57 Euros (sete euros e cinquenta e sete cêntimos!) foi forçado a abrir conta na CGD por determinação expressa da Segurança Social para receber a reforma.

Como se compreende, casos como este, e muitos são os portugueses que vivem abaixo ou no limiar da pobreza, não podem, de todo, preencher os requisitos impostos pela CGD e tão pouco dar-se ao luxo de pagar «despesas de manutenção» de uma conta que foram constrangidos a abrir para acolher a sua miséria.

O mais escandaloso é que seja justamente uma instituição bancária que ano após ano apresenta lucros fabulosos e que aposenta os seus administradores, mesmo quando efémeros, com «obscenas» pensões (para citar Bagão Félix), a vir exigir a quem mal consegue sobreviver que contribua para engordar os seus lautos proventos. É sem dúvida uma situação ridícula e vergonhosa, como lhe chama o nosso leitor, mas as palavras sabem a pouco quando se trata de denunciar tamanha indignidade.

Esta é a face brutal do capitalismo selvagem que nos servem sob a capa da democracia, em que até a esmola paga taxa. Sem respeito pela dignidade humana e sem qualquer resquício de decência, com o único objectivo de acumular mais e mais lucros, eis os administradores de sucesso.

2 Comentários:

Às sábado, junho 02, 2007 , Anonymous Anónimo disse...

E a GCD não se fica por aí! Já anteriormente me tinham envia do um cartão de crédito que não pedi e agora repetiram a façanha, mas com uma diferença. Nas "letrinhas pequeninas" que acompanham ambos está escrito que para activar o cartão é necessário devolver o contrato assinado. Tal como da primeira vez ignorei a recepção desta forma de "ganhar independência" (como lhe chamam). 15 dias depois recebo uma carta com o extracto do dito cartão que não pedi nem activei, acrescentando ainda que terei a partir de agora de pagar taxas de levantamento, tanto com o cartão (multibanco) como ao balcão. Ora, será que tenho de pagar para usufruir do que é meu, do que recebo ao fim do mês graças ao meu esforço?!!!! Segunda-feira vou abrir conta noutro banco que não me obrigue a pagar estas absurdas taxas e a CGD passará a ter menos um cliente (senão mais, pois farei questão de fazer "publicidade" ao serviço prestado).

 
Às domingo, setembro 14, 2008 , Blogger Guilherme Couto disse...

Boas! Sem querer defender nenhuma das partes, eu sou cliente da CGD e não tenho nenhuma queixa, nunca me tiraram dinheiro nem me impingiram nada, nem me enviaram essa carta que referes em cima. No entanto, concordo com a tua opinião de que os administradores ganham pipas de dinheiro a conta do dinheiro do povo! Mas como já disse, comigo nunca ganharam nada porque todo o dinheiro que lá meti posso tirar, nunca me cobraram nada nem pelos cartões de débito que tenho.

Guilherme

PS: eu PENSO que, assim como as contas jovens, os reformados não pagam nada por ter lá uma conta corrente! Mas repito... não tenho certeza. Abraço

 

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