segunda-feira, julho 31, 2006

Modigliani (2005)


Uma fábula sobre a vida de Modigliani, o pintor e escultor do inicio do século XX, é o que nos oferece o realizador Mick Davis. Com Andy Garcia no principal papel, o filme retrata o percurso de decadência e pobreza extrema do pintor, no contexto da sua relação com a mulher, Jeanne. Digo que é uma fábula porque o realizador alerta-nos logo desde inicio que muitos dos factos não são reais.

A fita gira em torno da relação do pintor com a esposa e a tentativa dela para que ele venda os seus quadros, se dedique à família e abandone a espiral de destruição em que se encontra. Viciado em droga e alcoólico convicto, Modigliani desde cedo demonstrou queda para a arte. No filme, o pintor dialoga constantemente com o seu ser, em criança.

Temos alguns flashbacks da vida dele ainda em Itália, intercalado com a vivência “actual” (o filme passa-se em 1919) em Paris. Apesar dos cenários e guarda roupa interessantes, há momentos em que os adereços são algo desleixados e se assemelham ao guarda-roupa actual. Os loucos anos 20 não têm lugar na Paris decadente dos artistas, apenas alguns laivos de glamour nos são demonstrados durante a fita. As cores escuras, a chuva e os ambientes decadentes mostram bem o modo de vida dos artistas da época. Uma situação um pouco cliché, que nos habituámos a ver em todos os filmes sobre pintores, mas que neste contexto funciona.

É interessante ver que algumas personagens secundárias são pintores igualmente famosos, como Picasso, retratado como um homem competitivo, rico e egoísta. Também Renoir, nos seus anos de velhice, aparece na fita. O desenvolvimento da história tem o seu clímax com a exposição de pintura de 1920. No entanto, a cronologia de muitos anos da vida de Modigliani é comprimida pelo realizador no ano de 1919, o que deixa o espectador mais conhecedor do percurso do pintor, algo confuso com o desenvolvimento em catadupa dos acontecimentos da sua vida.

A relação com Jeanne é obsessiva e a actriz, Elsa Zylberstein, é muito bem escolhida e expressiva nos momentos de silêncio. Ela é, de facto, parecida com a verdadeira esposa de Modigliani, algo que já não se pode dizer de Andy Garcia.

Um momento de estranheza do filme é que todos falam em inglês com sotaque, algo que não resulta bem. A interpretação dos actores é, na sua maioria, fraca. Garcia não consegue a profundidade e segurança que o seu papel exige e em alguns momentos perde-se na representação. Já Zylberstein tem um bom desempenho em cenas intensas mas perde nos momentos mais calmos e românticos.

Apesar de alguns momentos interessantes que retratam o ambiente da época, a história de amor entre Modigliani e Jeanne ocupa grande parte da fita. Um filme demasiado longo para o contexto que retrata, esta fita tem alguns momentos que exemplificam a loucura do pintor, mas que deixam o espectador desejoso que esses momentos passem.

No geral, o filme apresenta alguns segmentos interessantes e intensos, mas que acabam por se perder em todos os artifícios e informação que o realizador procurou comprimir nas duas horas de fita. A ver, mas apenas se gostar da obra do pintor ou de filmes mais introspectivos e originais 6/10

2 Comentários:

Às quarta-feira, agosto 09, 2006 , Anonymous Anónimo disse...

Ok, vamos ter que ver o filme...

 
Às terça-feira, agosto 29, 2006 , Anonymous Anónimo disse...

O filme é muui

 

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