A Esmola a quem a Merece

Os Portugueses são muito de dar esmola, mas agem de uma maneira pouco inteligente. Dão mais facilmente esmola a um cego, a um paralítico ou a um deficiente motor, do que a um homem novo, vigoroso e saudável, com o pretexto de que, este último, só não ganha a vida porque não quer, o que é uma reacção estúpida e pode dar péssimos resultados.

Há indivíduos preguiçosos, inadaptados, ou mesmo inimigos do trabalho, e é necessário contar com eles. Além do mais, quando um preguiçoso é forte e saudável, é também um patife e um criminoso potêncial; se ninguém lhe der esmola, vai com certeza roubar, violentar ou assassinar os cidadãos honestos, o que tem um custo social muito elevado.

Nessa medida o melhor é alinharmos no jogo dele e alimentar-lhe a preguiça e a ociosidade, dando-lhe o dinheiro suficiente para viver sem trabalhar, que será sempre menos, do que aquele que poderia vir a roubar-nos.

Enquento que, ao cego, ao paralítico e ao que não tem pernas, podemos ignorá-los, pois não nos causarão qualquer mal ou aborrecimento.