terça-feira, setembro 06, 2005

Desperta

Não sei onde andas. Não sei se até tu mesma sabes. Mas parece-me que não estás acordada.

Desperta por momentos, por um leve momento, lentamente, apercebe-te do que te rodeia. Compreende que há algo além daquilo que te rodeia, quer te pareça bom ou mau, quer te seja indiferente. Mesmo que não exista já, o seu lugar está lá, pronto para receber aquilo que o destino escreveu que alguém lá iria colocar, ou tu, ou alguém.

Lembra-te, aqueles que não sofrem não amam. Talvez quando pensamos que sofremos por isto ou por aquilo estejamos enganados. Ou iludidos. Ou a arranjar uma desculpa. Uma desculpa para o amor que sentimos dentro de nós, que lateja como o sangue de um ser vivo, que corre sempre, sem parar uma única vez, enquanto houver vida.

E é por isso que nós, enquanto seres vivos, temos de correr também, sem olhar para trás, agarrando o que temos agora e levando-o para o futuro. Mesmo que o futuro esteja encoberto pelas nuvens escuras que o tornam negro aos nossos olhos, ainda que ele seja de uma beleza e felicidade tais que fariam parecer aos nosso olhos romances como o de Romeu e Julieta meras paixonetas, que fariam do Império Romano algo desvanecido do lugar da história que sempre lhe pertenceu, que reduziriam a meros mortais os doze deuses do Olimpo.

Porque o que é nosso é ampliado pelo nosso sub-consciente, basta-nos ter algo de mau na nossa vida para o elevarmos ao grau mais doloroso e terrivel que possamos imaginar. Não bastaria então algo de bom para que não pudesse caber em nós tanta felicidade, tanta alegria, tanto amor, que nem que fosses dividida em milhões conseguirias ter uma noção completa daquilo que te era oferecido, porque tão depressa o conseguirias, morrerias emocionada com a descoberta de que o amor pode ser elevado a um expoente tão elevado.

E é por isso que são as coisinhas pequenas que se nos chegam grandes, maravilhosas, como peças de um todo que desejamos ardentemente, com todas as nossas forças, que por vezes, e de forma irónica, estão viradas para o lado errado, para o lado que achamos ser o lado a apontar, o lado da escuridão, solidão, por nos acharmos imerecidos de qualquer atenção, desejo, paixão, precisamente por vivermos eternamente enlevados numa mescla de sentimentos que unidos se definem como amor.

Não há moral a tirar quando se chega ao fim. Ou orientámos o nossos sentimentos para o amor, ou para a indiferença, que nalguns casos chega a ódio. A conclusão não pode ser um objectivo. Parece sempre sê-lo, mas não é. Apenas temos de não cair no erro de a ela fugir, e respeitá-la sempre, com a consciência de que nunca parámos até a encontrarmos, sem quaisquer exigências de maior.

Apenas correr, continuar, é o minimo que te peço, para poderes ter o máximo.

E é este o meu tributo que a ti dou, no único sitio onde o podia fazer sem esconder aquilo que sinto, sem esconder aquilo que sou, porque creio que sem que os outros me percebam, não me vou perceber nunca, jamais, em tempo algum.

É um tributo, que a ti só pertence, como a rosa que abre as suas pétalas pela manhã, preparando-se para ser colhida na sua máxima beleza, quando o enamorado a vier buscar para com ela se entregar a quem a sua vida foi entregue a partir do momento em que se apercebeu de que não poderia nunca mais respirar sem a pessoa que o completa.

1 Comentários:

Às terça-feira, setembro 06, 2005 , Anonymous Anónimo disse...

É bonito o texto, falta a fonte! de quem é?

Paty

 

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial