Nirvana - In Utero (1993)
Os Nirvana não estavam nos planos de ninguém. Mas tudo mudou quando, correspondendo ao proverbial "falem-lhes numa lingua que eles entendam", colocaram adolescentes do mundo inteiro a cantar "A mulatto, an albino, a mosquito, my libido" com a profética intensidade de quem acaba de descobrir pólvora.
Em 1991, "Smells Like Teen Spirit" catapultou a banda de Cobain, Grohl e Novoselic para o horário nobre televisivo levando à boleia o hardcore norte-americano mais ou menos subterrâneo e deixando escancaradas as portas do palácio para quem veio a seguir.
Enquanto não se apanhavam as canas, houve espaço para refundar num contexto de inesperada intensidade umas quantas verdades sobre a natureza do rock e as forças que culturalmente o definem, renovando ensinamentos tão antigos quanto os dos Stooges e AC/DC ou recentes quanto os dos Melvins e Pixies.
In Utero começa com a frase "Teenage angst has paid off well / Now i'm bored and old" e foi um feminista grito de revolta contra a apatia na própria contra-cultura. Ao terceiro álbum, a canalização da raiva e sarcasmo para o conjunto de temas de ensaiada demência teve os efeitos contrários aos desejados (alienar a parte do seu público mais interessada em Beavis & Butthead) e tornou-se numa piada que todos levaram a sério.
A geração que celebrou a deficiência de vocabulário como a sua melhor definição não compreendeu a mensagem. Quando a poeira assentou, ressoava pelo ar "It's better to burn out than to fade away", a letra de Neil Young mencionada na nota de suicídio de Cobain.
O resto está no livro e no filme de Gus Van Sant
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