domingo, dezembro 18, 2005

Rua

Agora és o nome duma rua que eu não sei dizer. Uma rua onde passo e onde toco com os ombros o ar que os outros respiram.

Os outros, que te usurpam escondidos por candeeiros bêbados que adormeceram na penumbra dos prédios pálidos. És o nome duma rua onde passo, entre o calor dum café e um sair frio porta fora.

Depois percorro-te em passos apressados fingindo que tenho pressa. Mas não tenho. Nem pressa nem sequer sítio para onde ir. A não ser, talvez, a sombra de mais um candeeiro apagado. Sei que no fim renuncio sempre aos segundos seguintes, e paro, e olho para trás.

É só para te ver mais uma vez, antes de amanhã tornar a sair porta fora depois de tomar um café, depois de ter bebido muito, depois de ter tentado dizer o teu nome muitas vezes.

Talvez isto não faça sentido para ti, mas faz para quem já bebeu mais do que pode. Também para quem já viveu mais do que pode, também para quem já te viu mais do que pode, também para quem já passou por ti mais do que pode.

E agora és o nome duma rua que eu não sei dizer.

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