terça-feira, novembro 29, 2005

Estudo japonês revela que macacos também têm sotaques

Investigadores japoneses descobriram que os macacos emitem gritos com registos diferentes segundo o local onde vivem, como acontece com os sotaques nos seres humanos.

Os resultados do estudo, o primeiro do género, serão publicados no princípio de Dezembro numa revista etológica alemã, de acordo com os investigadores.

«As diferenças de gritos entre os macacos são semelhantes às dos dialectos entre os seres humanos», afirmou Nobuo Masataka, professor de etologia no Instituto de Investigação sobre os Primatas da Universidade do Porto.

A equipa de investigadores analisou os timbres de dois grupos pertencentes à mesma espécie de primatas, o macaco de Yakushima (também chamado «Macaca fuscata yakui»), entre 1990 e 2000.

O primeiro era composto por 23 macacos habitantes da ilha de Yakushima (sul do Japão) e o segundo por 30 macacos da mesma tribo que tinham emigrado para o Monte Ohira (centro do Japão) em 1956.

Os resultados do estudo mostram que os símios do grupo que ficou em Yakushima tinham um nível de frequência de grito superior em 110 hertz ao do grupo do Monte Ohira.

Segundo os investigadores, a diferença reside no facto do habitat se Yakushima, caracterizado por grandes árvores, lhes abafar os gritos, obrigando-os a subir o tom, explicou o professor Masataka.

«Os macacos do Monte Ohira não têm de fazer o mesmo esforço por habitarem em árvores mais baixas. Cada grupo adopta por isso um sotaque diferente, segundo o seu meio ambiente», concluiu.

Ao sugerir que as diferenças de voz não têm origem genética, esta investigação poderá «fornecer a chave das origens da linguagem humana», considera o investigador japonês.

Diário Digital / Lusa

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